Veja como identificar eventuais empréstimos indevidos sendo descontados do seu benefício do INSS e aprenda como resolver isso
Nos últimos meses, um assunto ganhou destaque entre aposentados, pensionistas e demais beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): a descoberta de descontos indevidos em sua folha de pagamento.
Essa situação tem gerado confusão, indignação e, acima de tudo, a necessidade de atenção redobrada. E tudo piorou depois que veio a tona pessoas alegando terem sido prejudicadas com empréstimos indevidos.
Esse tipo de ocorrência não é exatamente recente mas tem chamado mais atenção agora devido ao aumento expressivo de relatos de pessoas que perceberam valores sendo descontados diretamente de seus benefícios sem qualquer comunicação prévia ou contrato firmado.
Neste artigo vamos explicar com clareza o que está por trás desses empréstimos não reconhecidos, como identificá-los, quais medidas tomar caso você desconfie de algo errado.
E também como resolver e proteger o seu benefício do INSS caso você identifique que isso esteja acontecendo com você.
Tudo começa com um desconto estranho no extrato
Imagine acessar seu extrato mensal do INSS e perceber que o valor do benefício caiu. Ao analisar os detalhes, surge uma parcela de empréstimo consignado que você tem certeza de que não contratou.
Esse é o ponto de partida para muitos dos relatos que estão surgindo nas redes sociais, canais de atendimento e órgãos de defesa do consumidor.
Os chamados “empréstimos não autorizados” aparecem de forma sutil, com valores que, em muitos casos, variam entre R$ 50 e R$ 300 por mês, dependendo do contrato.
Como o desconto ocorre diretamente na folha de pagamento do INSS, a cobrança é garantida para a instituição financeira envolvida, o que muitas vezes passa despercebido pelo beneficiário.
Como esses empréstimos são liberados sem consentimento?
Na prática, há alguns caminhos que levam a essa situação. Um deles está relacionado ao uso indevido de dados pessoais.
Com informações básicas, como nome completo, CPF, data de nascimento e número do benefício, instituições financeiras conseguem abrir margem para crédito consignado e iniciar o processo de liberação dos valores, muitas vezes sem uma formalização clara com o beneficiário.
Outros casos envolvem ligações com ofertas de crédito onde, ao confirmar dados ou simplesmente não entender exatamente do que se trata, o beneficiário acaba sendo associado a um contrato que ele nem sabia estar aceitando.
Em contextos com público mais idoso, por exemplo, a comunicação pode não ser clara o suficiente, e isso contribui para confusões.
Vale destacar que existem centenas de instituições autorizadas a operar com crédito consignado, o que aumenta a complexidade do cenário.
Muitas dessas instituições firmam convênios com o INSS e operam de forma regular, mas isso não impede que ocorram situações mal explicadas ou condutas inadequadas.
Como saber se você está com um empréstimo não reconhecido?
O primeiro passo é simples: verificar seu extrato de pagamento do INSS. Esse documento pode ser acessado facilmente por meio do aplicativo Meu INSS ou pelo site oficial do Instituto. Lá, você encontra o detalhamento dos valores creditados e descontados, mês a mês.
Siga este passo a passo:
- Acesse o site meu.inss.gov.br ou o aplicativo Meu INSS.
- Faça login com sua conta Gov.br.
- Clique em “Extrato de Pagamento”.
- Escolha o mês que deseja analisar.
- Verifique se há algum desconto com descrição como “empréstimo consignado”, “parcela de crédito”, “associação” ou termos similares.
Caso identifique um desconto suspeito, anote o nome da instituição que está realizando a cobrança e o valor mensal.
O que fazer ao encontrar um desconto indevido?
Se você descobriu um desconto que não reconhece, existem algumas etapas importantes que devem ser seguidas para buscar a correção da situação:
1. Entre em contato com a instituição financeira
O nome da empresa responsável pelo desconto geralmente aparece no extrato. Entre em contato com ela e solicite detalhes sobre o contrato, como data de assinatura, forma de contratação, número de parcelas e valor liberado. Se não reconhecer o contrato, solicite o cancelamento imediato e o estorno dos valores já descontados.
2. Faça um pedido de bloqueio de empréstimos no INSS
Você pode bloquear a liberação de crédito consignado pelo próprio aplicativo Meu INSS. Isso impede que novas propostas de empréstimos sejam aprovadas automaticamente em seu nome.
Como bloquear:
- Acesse o aplicativo ou site Meu INSS.
- Faça login com sua conta Gov.br.
- Vá até o campo “Novo Pedido”.
- Digite “bloqueio de empréstimo” e selecione a opção que aparecer.
- Preencha os dados e conclua o pedido.
3. Registre uma reclamação na ouvidoria do INSS
Se não conseguir resolver diretamente com a instituição financeira, registre uma manifestação na Ouvidoria do INSS pelo telefone 135 ou pelo portal Gov.br.
4. Utilize o site consumidor.gov.br
Este canal do Governo Federal permite que consumidores façam reclamações contra empresas que atuam no Brasil. Ele é frequentemente utilizado em casos como este, com alto índice de resolução. Basta se cadastrar e descrever o problema, anexando o máximo de informações possível.
Como solicitar reembolso dos valores descontados
Caso fique comprovado que o empréstimo foi feito sem autorização, você tem direito à devolução dos valores descontados. Veja como proceder:
- Solicite à instituição financeira a devolução total do valor pago, atualizado conforme os juros cobrados indevidamente.
- Se o banco se recusar a devolver, você pode acionar os canais oficiais de atendimento ao consumidor, como o Procon, o consumidor.gov.br ou entrar com uma ação judicial no Juizado Especial Cível.
- Guarde todos os comprovantes: extratos, registros de ligação, protocolos de atendimento e qualquer outro documento que comprove a cobrança indevida.
Como se prevenir contra empréstimos indevidos
A prevenção ainda é a melhor forma de evitar problemas. Algumas atitudes simples podem fazer toda a diferença:
- Não forneça seus dados pessoais a terceiros, especialmente por telefone ou redes sociais.
- Evite aceitar ligações de empresas que oferecem crédito de forma insistente.
- Ative o bloqueio de crédito no Meu INSS, mesmo que você não tenha sofrido desconto algum. Isso evita a liberação de crédito em seu nome.
- Verifique seu extrato com frequência para monitorar qualquer movimentação inesperada.
- Mantenha-se atualizado sobre seus direitos como beneficiário do INSS.
O que está sendo feito a respeito?
Nos últimos meses, órgãos de defesa do consumidor, Ministério Público e entidades de proteção do idoso têm se mobilizado para apurar e coibir esse tipo de ocorrência.
O INSS também anunciou medidas para ampliar a segurança na contratação de empréstimos consignados, como a exigência de reconhecimento facial pelo aplicativo Meu INSS.
Além disso, instituições financeiras estão sendo notificadas para prestar esclarecimentos sobre contratos não reconhecidos e, em alguns casos, podem ser obrigadas a revisar suas práticas comerciais e de atendimento.
A tendência é que, com a ampliação da fiscalização e o aumento da visibilidade do problema, haja uma redução significativa nesses casos nos próximos meses.
No entanto, isso não elimina a responsabilidade de cada pessoa em cuidar de seus dados e ficar atenta aos extratos.
Considerações finais
Os empréstimos não reconhecidos no INSS representam um desafio real e crescente para milhares de brasileiros, especialmente para o público mais vulnerável, como aposentados e pensionistas.
O impacto vai além do financeiro: envolve insegurança, medo e, muitas vezes, perda da confiança nas instituições.
Mas é importante reforçar que existem caminhos para se proteger, reverter cobranças e evitar que o problema se repita.
O primeiro passo é a informação: saber identificar os sinais, conhecer os canais de reclamação e manter o hábito de verificar seus extratos são atitudes simples, mas que fazem toda a diferença.
Compartilhe esse conteúdo com familiares e amigos que recebem benefícios do INSS. Quanto mais pessoas estiverem atentas, menores são as chances de novos casos ocorrerem.
Se algo parece estranho no seu extrato, não ignore. Investigue, questione e tome as providências necessárias. Você tem direito a um atendimento transparente, seguro e ao controle total sobre seus dados e sua renda.
Se precisar, volte a este artigo quantas vezes quiser, e lembre-se: cuidar do seu benefício é também cuidar da sua tranquilidade.
Joyce é redatora com foco em finanças pessoais, programas sociais e economia do dia a dia. Traduz temas complexos de forma acessível, ajudando leitores a tomarem decisões mais conscientes sobre dinheiro, crédito e benefícios do governo. Escreve com clareza, empatia e atenção ao que realmente importa no bolso dos brasileiros.